Quais são os 3 atos de uma narrativa cinematográfica? Anna Muylaert conta como estruturar um roteiro em três passos
A premiada diretora e roteirista Anna Muylaert conta quais são os três atos necessários para construir uma narrativa atraente
Anna Muylaert apresentou recentemente, aqui no Blog Navega, dicas valiosas para compor bons personagens em seu roteiro e agora traz os caminhos para elaborar uma história de sucesso ao delinear os três atos do roteiro: início, meio e fim.
Considerando que há vários estilos de cinema e versões mais experimentais, que possuem roteiro mais livre, Anna Muylaert conta que nas narrativas clássicas é preciso construir no mínimo três momentos que marquem as viradas da história . É preciso que o personagem dê um passo, caia num buraco e saia do buraco, ou que fique no buraco e descubra coisas novas. Sem estes três passos, a história não se completa. É preciso haver conflito e os desdobramentos desse conflito. Para ilustrar, Anna Muylaert cita o roteirista francês Jean-Claude Carrière: “Um gato deitado num tapete não é uma história. Mas um gato deitado no tapete do cachorro, sim”.
O uso consciente dos três atos, e deixá-los bem marcados no decorrer da trama, é um bom ponto de partida para contar boas histórias tanto no cinema quanto na literatura. No entanto, para a prestigiada diretora, o melhor caminho é não se prender necessariamente a cálculos matemáticos ou numerações de páginas. Segundo ela, cada história, mesmo que seja uma narrativa clássica, necessita dos três atos, mas pede um ritmo e um tempo particular. Se você se prender só ao número de páginas de roteiro dedicada a cada ato, pode perder a sensibilidade e naturalidade daquela narrativa em particular.
Anna Muylaert em seu curso Roteiro Cinematográfico
Confira abaixo os três atos indispensáveis para construir uma boa história:
Ato I
O primeiro ato é a apresentação do personagem, seu universo e a situação em que vive. É quando entendemos as necessidades dramáticas do personagem. A transição para o segundo ato é feita por meio de uma cena, o “Plot Point”. É o momento em que o personagem “cai no buraco, por exemplo.” O papel do Plot Point é mostrar o personagem começando a passar por uma transformação.
Ato II
Nesta etapa ocorre a mudança propriamente dita, quando o personagem começa a viver essa transformação, que é uma necessidade da dramaturgia clássica. A luta contra o dragão ou o momento em que o personagem se perde no bosque. A partir do Plot Point 2, começa a haver uma solução, preferencialmente uma solução inesperada.
Ato III
Já o último ato é o assentamento da necessidade que teve início no Ato I, muitas vezes não de maneira óbvia. Anna Muylaert compara este fato à fórmula da física S = So + VT. Um filme varia de acordo com o ponto de partida, para onde vai, qual a velocidade e o tempo de deslocamento entre o início e o final. Para ela, de certa forma, uma história é uma trajetória que se desenvolve num tempo e numa velocidade próprios partindo de uma posição inicial para chegar a uma posição final. Para a cineasta, sem os três atos é muito mais difícil chegar a uma história potente, com bom arco narrativo.
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